6º Artigo de Opinião 1ª Edição - A importância da avaliação no processo de aprendizagem

29-11-2012 16:49

 

Dadas as funções até recentemente assumidas de direcção de curso do 1º ciclo de estudos em ciências do Desporto da UBI, e preocupada com a optimização do processo de aprendizagem dos alunos, reflecti sobre o papel da avaliação na aprendizagem, ao nível do ensino universitário.

O ponto de partida para esta reflexão foi o trabalho do professor Anton Havnes, do Centre for Staff and Learning Development, Oslo University College, com o tema Examination and learning: An activity-theoretical analysis of the relationship between assessment and learning (pode ser consultado em https://www.leeds.ac.uk/educol/documents/00002238.htm).

 

Neste artigo o autor refere que os professores assumem que são as suas aulas e orientações pedagógicas que direccionam a aprendizagem dos alunos, mas de facto os alunos auto-orientam-se na aprendizagem relativamente aos aspectos sobre os quais vão ser avaliados. Assim, o que rege a aprendizagem é a avaliação, e não a “pedagogia” do professor.

 

No mesmo sentido, o Center for the Study of Higher Education (Austrália, endereço https://www.cshe.unimelb.edu.au/assessinglearning/05/index.html) reflecte sobre a diferente visão que a avaliação tem para os docentes e para os alunos, apresentado uma síntese na seguinte figura:

 

 

Assim, a avaliação tem de deixar de ser vista como uma ferramenta de controlo da aprendizagem (no sentido de avaliar o nível de aprendizagem dos conteúdos, por parte dos alunos), para passar a ser uma ferramenta pedagógica que melhora o próprio processo de aprendizagem.

 

A avaliação de conhecimentos no ensino universitário deve emergir das competências que os alunos devem adquirir, após o estudo de um determinado conteúdo curricular.

Essas competências devem ser claras para o estudante, que deve ter noção do que se espera dele, em termos da aprendizagem – deve compreender os resultados de aprendizagem esperados.

 

Assim, a avaliação de conhecimentos deve ter três objectivos base:

1. Orientar e motivar a aprendizagem, clarificando os resultados esperados;

2. “Medir” os resultados de aprendizagem de cada aluno

3. Ajudar a programar o volume de trabalho individual do aluno

 

Esta “nova” visão da avaliação exige uma adequação, por parte dos professores, que devem reflectir:

 

• O que é importante avaliar?

• Como se avalia?

• A avaliação feita permite aferir as competências que os estudantes devem desenvolver, neste conteúdo curricular?

 

Por outro lado, os alunos não podem alhear-se do processo de avaliação, devendo questionar-se:

 

• O que se espera que eu aprenda?

• Como vou ser avaliado?

• O volume de trabalho, das diferentes unidades curriculares é adequado, para a aprendizagem exigida?

• Os meios (literatura, bases de dados, orientação do docente, tipo de aulas) são adequados, face aos resultados de aprendizagem pretendidos?

• O tempo que estou disposto a investir é suficiente para desenvolver as competências pretendidas?

• Como vou planificar o trabalho de modo a optimizar a aprendizagem?

 

Concluindo, se quer os docentes quer os estudantes passarem a ver a avaliação como um meio facilitador da aprendizagem, podem emergir duas vantagens: a primeira é que se adquiram mais facilmente as competências desejadas, por se tornarem mais claras para os alunos, uma vez que são especificamente essas competências o objecto da avaliação; a segunda possibilitar que os resultados da avaliação reflictam mais fielmente a aprendizagem individual, no âmbito das competências definidas.

 
 
 

 

 

 

Dulce Esteves, Ph.D.

Professor and Researcher

Sports Science Department

University of Beira Interior

Covilhã - Portugal

Tel: +351 275 329 153; Fax: +351 275 320 695

Email: desteves@ubi.pt